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Artigos Saint-Gobain Canalização

Um Ativo Valioso para o Saneamento

Enviado em 29 Janeiro 2019, 10:13 AM

Escrito por Álvaro José Menezes, diretor nacional da ABES.

 

De acordo com o SNIS 2016, no Brasil há aproximadamente 626,3 mil quilômetros de redes de água, entendendo-se aqui que isto inclui adutoras, sub-adutoras e redes de distribuição. Sem entrar em detalhes, pode-se afirmar, que a maioria desta extensão é de redes de distribuição, pela simples inferência decorrente do tamanho das cidades onde estas estão implantadas e como elas se espalham pelos espaços urbanos e periféricos. A relação direta entre as perdas reais e as redes se verifica nos modelos de projetos adotados, no material utilizado nas tubulações e sua idade, na forma como as obras são contratadas e executadas, como são operados os sistemas, na influência da pressão e na falta de programas de reabilitação planejada nas mesmas. Voltando ao SNIS 2016, a média nacional das perdas na distribuição foi de 38%, com o maior percentual no Norte, 47,32% e o menor no Sudeste, 34,73%, evitando-se no momento comparar as perdas daqui com as do Japão ou da Alemanha ou do Chile, por exemplo, com as nacionais, posto que a fase das comparações já foi há tempos superada, havendo necessidade agora de aproveitar os exemplos daqui para fazer a gestão e planejar as correções com base na realidade local. Ao longo de anos, com a evolução e os sucessos que devem ser mencionados na forma como se combatem as perdas no Brasil, é de se perguntar por que não há um plano sustentável e contínuo que conduza a redução delas sendo praticado por todos os tipos de operadores? A resposta poderia ser dada com base nos lugares comuns que servem como explicação para as falhas encontradas e que seguem por exemplo a verdade do regionalismo, das características loc ais ambientais, sociais, políticas e financeiras e do destaque que se dá, permita-se, a causa da falta de investimentos como a mãe de todos os males. É claro que a falta de recursos para investimentos impede muita coisa, mas o velho ditado que diz que “o dinheiro não traz a felicidade”, também se aplica a gestão pública e aos serviços de saneamento, como se vê fartamente, afinal, entre 2007 e 2015, os “investimentos” foram significativos, porém a melhoria de qualidade foi imperceptível, principalmente onde mais se necessitava.

Sobre as perdas nas redes de distribuição, se questiona por que tendo suas causas exaustivamente conhecidas do ponto de vista técnico elas são combatidas em geral de forma pontual, tanto nas regiões como nas cidades, muitas vezes em decorrência de demandas emergenciais ao invés de seguirem um plano de reabilitação? Não se acredita que falte a compreensão de que elas compõem as infraestruturas de abastecimento de água as quais se inserem em serviços de monopólios naturais, constituídas por componentes enterrados, cuja condição física, em verdade, é difícil de avaliar, funcionando como um sistema, e não como um somatório de componentes individuais; por outro lado, é de se acreditar pela forma geral com que se faz a gestão das redes – dos sistemas de abastecimento de água também – que ainda não há o entendimento da importância de se tratar as redes de distribuição como um dos ativos mais importantes do sistema, capaz de produzir ganhos operacionais, financeiros, sociais e ambientais de grande relevância se tiverem suas perdas reduzidas aos níveis economicamente determinados para cada situação.

Neste artigo, se dá destaque as perdas nas redes de distribuição com o fito de possibilitar o entendimento real da importância do ativo representado nestas unidades do sistema de abastecimento de água e a importância de se reduzirem as perdas nele. Não faltam estudos e exemplos internacionais e nacionais, mostrando que nas redes de distribuição estão grande parte das perdas reais decorrentes dos vazamentos visíveis e não visíveis, bem como das causas principais desses vazamentos, tais como: tubulações de baixa qualidade, material inadequado à pressão, local de instalação e idade, como também juntas e conexões inadequadas ou mal posicionadas durante o assentamento, além de dispositivos operacionais como válvulas e registros de má qualidade, gerando vazamentos de vazão média a alta, com duração curta ou longa.

Volta-se a evidência de que um sistema de abastecimento de água não pode ter sua gestão separada, porém, em se tratando do objeto deste texto, foca-se na rede de distribuição para destacar que sua adequada manutenção, operação, controle e consequente redução das perdas, necessita de gestão planejada e permanente observando alguns pontos fundamentais para que sejam contidos os vazamentos, entre eles, por exemplo a relação entre o material das tubulações e a pressão, a qual pode gerar tensões nas paredes dos tubos provocando reações às suas variações, com dois efeitos: fissuras e pequenas rachaduras que não vazam a baixa pressão e podem começar a vazar quando a pressão aumenta; e, a forma de assentamento/instalação de tubos e acessórios, que estão sujeitos a uma multiplicidade de fatores por vezes não registrados nem controlados regularmente.

Por fim, restringir a análise da redução das perdas na distribuição só tem sentido se houver um plano de gestão que tenha metas, ações e resultados gerenciados com visão empresarial, independente de ser o operador uma organização pública ou privada. Pode até se começar pelo combate às perdas na distribuição, mas ter um diagnostico seguro, um projeto consistente e a gestão baseada na reabilitação planejada dos ativos é iniciar com segurança o caminho que levará a um porto seguro.

 

 

Fonte consultadas:

• CONTROLE E REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS PÚBLICOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA/POSICIONAMENTO E CONTRIBUIÇÕES TÉCNICAS DA ABES; Tardelli, Jairo Filho; Colaboração-Costa, Álvaro J.M.; Bággio, Mário A.; Machado, Ricardo R.;ABES; 2015.

• Gestão patrimonial de infraestruturas de abastecimento de água. Uma abordagem

centrada na reabilitação; Helena Alegre (LNEC); Dídia Covas (IST); Comissão técnica de apreciação: Jaime Melo Baptista, João Almeida, Edgar Carvalho, Ana Ramos e Filipe Ruivo; Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos/Laboratório Nacional de Engenharia Civil/Instituto Superior Técnico; 2010;

• Guidelines for water loss reduction/ A focus on pressure management; Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH; D. Ziegler, F. Sorg,; P. Fallis, K. Hübschen; VAG Armaturen GmbH (VAG); L. Happich, J. Baader; R. Trujillo; Fachhochschule Nordwestschweiz (FHNW); Institute for Ecopreneurship (IEC); D. Mutz, E. Oertlé; Karlsruhe Institute of Technology (KIT); Institute for Water and River Basin Management (IWG); P. Klingel, A. Knobloch; 2011.

Comentários (2)
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Comentários

Ivan

postado em 21 Fevereiro 2019, 03:19 AM
Ótimo artigo!

Saint-Gobain Canalização

postado em 21 Fevereiro 2019, 03:20 AM
Agradecemos seu Feedback.